Encontro com o escritor português João Pinto Coelho durante os Dias da Lusofonia na Faculdade de Filologias Clássicas e Modernas na Universidade de Sófia
Estudantes, docentes e doutorandos de Filologia Portuguesa na Universidade de Sófia Sveti Kliment Ohridski realizaram um encontro online com o escritor português João Pinto Coelho, que desde Lisboa participou no programa dos Dias da Lusofonia na sua edição de 2021. O evento foi organizado por ocasião do lançamento na Bulgária do romance “Perguntem a Sarah Gross”, primeira obra de João Pinto Coelho traduzida para o búlgaro.
O encontro foi moderado pela Prof.ª Dr.ª Yana Andreeva, Coordenadora da Filologia Portuguesa e da Cátedra de Investigação “José Saramago” na Faculdade de Filologias Clássicas e Modernas. Ela apresentou panoramicamente a obra narrativa de João Pinto Coelho, com destaque para o romance de estreia, que agora é publicado na Bulgária e é uma espécie de “livro contra o esquecimento”. O autor é arquiteto de formação e professor de artes visuais, e sua ligação com a literatura fortaleceu-se na última década, durante a qual publicou, além de “Perguntem a Sarah Gross” (2012), mais dois romances de grande sucesso que atraíram a atenção de leitores portugueses e estrangeiros e foram finalistas de vários prémios literários em Portugal.
Fotografia: J.P.C.Revista Estante Fnac
Na conversa João Pinto Coelho referiu que, embora se tivesse dedicado tarde à escrita, os livros sempre foram uma parte muito importante da sua vida, sobretudo quando criança. O seu primeiro contato com a escrita criativa foi motivado por uma viagem. A experiência que ganhou durante as suas muitas viagens pela Europa e pela América do Norte, bem como os conhecimentos que adquiriu ao estudar aprofundadamente a história do Velho Continente, em particular os grandes conflitos mundiais do século XX, moldaram os temas das suas obras. “Perguntem a Sarah Gross” conduz o leitor para o passado da Europa, e concretamente para a Polónia depois do final da Primeira e durante a Segunda Guerra Mundial, focando o destino da população judaica naquele difícil período da história mundial. O sucesso do romance, segundo João Pinto Coelho, deve-se ao estudo aprofundado que realizou sobre o Holocausto. É esse tópico complexo que, em última análise, dá vida a “Perguntem a Sarah Gross”. “Ao contrário de outros escritores, não foi a literatura que me levou a Auschwitz, mas foi Auschwitz que me levou à literatura. Sem ter pensado até então em escrever um romance um dia, eu sabia que, se o fizesse, seria esse o tema central”, assinalou João Pinto Coelho.
Dimitar Atanassov, estudante do quarto ano da licenciatura em Filologia Portuguesa e tradutor do romance “Perguntem a Sarah Gross”, compartilhou suas impressões sobre a obra e sobre o processo da sua tradução para búlgaro. Agradeceu ao escritor, primeiro na qualidade de leitor do romance, mas também como tradutor pela confiança nele depositada. Dimitar Atanassov referiu os desafios da tradução literária que teve de enfrentar ao trabalhar na versão búlgara de um texto tão rico em detalhes históricos e cheio de descrições pormenorizadas. Segundo ele, a superação desses desafios traz uma sensação de grande satisfação com o trabalho realizado: “Afinal, esta é a minha primeira tradução. Admito que enfrentei desafios em todas as páginas, mas gostei imenso do processo.” Os participantes no encontro expressaram finalmente a esperança de novas traduções e de um próximo encontro presencial em Sófia.