Por convite do Departamento de Estudos Portugueses e Lusófonos da Faculdade de Filologias Clássicas e Modernas e da Cátedra José Saramago, estabelecidos em 2019 através de um acordo de cooperação entre a Universidade de Sófia e o Instituto Camões, Portugal, a Prof.ª Ana Paula Coutinho, da Universidade do Porto, proferiu uma palestra acadêmica dedicada à obra do renomado poeta português António Ramos Rosa, cujo centenário será celebrado em 2024.
Com a sua palestra, a Prof.ª Coutinho participou na celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa na Universidade de Sófia e marcou a abertura do Seminário Científico “Leituras Literárias Lusófonas”, que é realizado anualmente no curso de Filologia Portuguesa da Faculdade de Filologias Clássicas e Modernas.
O evento contou com a presença da Embaixadora de Portugal, Sua Excelência Senhora Ana Maria Ribeiro da Silva, da Diretora do Departamento de Estudos Portugueses e Lusófonos, Professora Doutora Yana Andreeva, bem como de estudantes, doutorandos e professores do curso de Filologia Portuguesa na Faculdade de Filologias Clássicas e Modernas, e amigos da língua portuguesa.
Na apresentação da Prof.ª Ana Paula Coutinho, a Prof.ª Yana Andreeva destacou que a colaboração ativa e frutífera entre os especialista em estudos portugueses da Universidade de Sófia e da Universidade do Porto remonta a muitos anos, e a visita da Professora Coutinho é mais uma evidência disso. A Professora Doutora Ana Paula Coutinho é membro do Departamento de Estudos Portugueses e Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde dá aulas em disciplinas na área de Literatura Comparada e Estudos Românicos. Ela é doutorada em Literatura Comparada (1998), com agregação na área das Literaturas e Culturas Românicas (2010), e investiga a literatura contemporânea sob a perspetiva da comparação, com foco recente na interculturalidade e nas representações artísticas das migrações e do exílio Ela participou na direção do Instituto de Literatura Comparada “Margarida Losa” e foi sua coordenadora científica de 2015 a 2021. Atualmente, é responsável pelo programa de licenciatura de “Literatura e Intermedialidade Artística”. Coordena o trabalho da enciclopédia digital Ulyssei@s, bem como das bases de dados eletrônicos Diásporas em Português e A Europa face à Europa. É colaboradora do centro de pesquisa CRIMIC da Universidade de Paris IV, da rede internacional LEA! Lire en Europe aujourd’hui, e de outros projetos internacionais. A Professora Coutinho é autora de numerosos artigos, estudos e monografias. Entre os seus livros, destacam-se especialmente aqueles que têm recebido grande reconhecimento na comunidade lusófona, tanto em Portugal quanto internacionalmente, com estudos sobre a representação literária da diáspora portuguesa, a imagem da Europa na nova literatura europeia, e a obra de António Ramos Rosa, Marguerite Duras e Agustina Bessa-Luís.
Na sua palestra acadêmica para o curso de Filologia Portuguesa, com o tema “António Ramos Rosa – Ecopoeta avant la lettre”, a Professora Ana Paula Coutinho apresentou alguns dos resultados do atual projeto de pesquisa Ver a Árvore e a Floresta. Ler a Poesia de António Ramos Rosa à Distância. Este projeto se insere nos esforços para o desenvolvimento das humanidades digitais e é realizado pelo Instituto de Literatura Comparada “Margarida Losa” da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com financiamento do Fundo de Ciência e Tecnologia (FCT).
Segundo a Prof.ª Coutinho, António Ramos Rosa sempre foi um ecopoeta avant la lettre – devido à sua sensibilidade apurada para a natureza, ao valor gnosiológico e epifânico das suas perceções poéticas, e à relação com o Outro, que transparece no seu trabalho com as palavras, sempre iguais, mas sempre diferentes, na vasta e profunda obra que produziu. Desde muito cedo, António Ramos Rosa adotou a visão de que a Poesia tem como seu objetivo primordial, mesmo quando este objetivo é reconhecido como inatingível, dar sentido à realidade em sua totalidade e plenitude, e, mesmo que seja apenas por um breve momento de iluminação, compartilhar o ritmo vivo de uma Terra pulsante, percebida e vivida como um lar comum para todos os seres, conclui a Professora Coutinho.